sábado, 6 de maio de 2017

Circulo vicioso


Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela!
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:


- Pudesse eu copiar o transparente lume, 

que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:


- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela 

claridade imortal, que toda a luz resume!
Mas o sol, inclinando a rutila capela:


- Pesa-me esta brilhante aureola de nume... 

Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?

Machado de Assis foi um grande escritor brasileiro. 


Nesta poesia, ele fornece várias pistas de formas de energia.

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